Volte Sempre e Sem Contrangimentos.

Lembro-me de alguns irmãos muito queridos que recebiam outros irmãos não menos queridos, com uma frase, que, antes de ser um bem-vindo, era na verdade um constrangimento para que este irmão nunca mais voltasse. As frases eram as mais indelicadas possíveis. Sem nenhuma afeição. Sem nenhum acolhimento. Nada hospitaleira. Como no sistema religioso, a freqüência às reuniões,, o participar dos ministérios, o ofertar, o compromisso com o dizimo e outras tantas obrigações, eram o que determinava o calibre da espiritualidade de um cristão, a ausência sempre foi considerada como um ato de descompromisso, desinteresse, esfriamento espiritual e até ao famigerado, “está desviado”. Como muitos dos que estão caminhando conosco no Caminho da Graça, são oriundos do sistema religioso, é certo, ainda vivem estes desconfortos. Como temos dito tantas vezes, “a gente sai da coisa, mas a coisa não sai da gente”. Por conta disto, quero lembrar aos caminhantes de todas as Estações do Caminho da Graça que, não importa o que lhe fez se ausentar por alguns encontros ou mesmo por muito tempo, é sempre uma alegria quando você volta, quando você chega, quando nos reencontramos. Me fascina e me encanta o modo como o Pai da parábola do “Filho Pródigo” recebe o filho que voltou. Ele não faz perguntas. Ele não o constrange diante de ninguém. Ele não cobra nada. Ele não faz criticas. Ele não da aqueles famosos sermões ou não diz aquela frase, que nenhum bem faz, “eu te falei que...” O Pai vai ao encontro. O Pai agarra-se ao pescoço do filho. O Pai beija-o como ele esta. O Pai toma-o pela mão. O Pai coloca-lhe o anel. O Pai calça-lhe os pés. O Pai faz festa. Para mim, é assim que dever ser entre nós do Caminho da Graça. Não importa se os caminhantes que estão chegando, vieram no ultimo encontro ou a meses que não aparecem, importa que eles voltaram..e isto é motivo de festa. Não importa como voltaram. Não precisam explicar porque ficaram longe. Só se quiserem contar. Não importa que trajes estão usando. Não importa o vocabulário, os trejeitos, os vícios, as marcas, o choro, o riso, não importa. Importa que voltaram. E sempre festa quando alguém volta prá casa. Digo sempre aos meus filhos, que, não importa de onde eles vem ou como vem, importa que chegaram em casa. Importa que voltara,m pra casa. Digo isto como encorajamento a você, que, caminhou algumas vezes conosco, ou mesmo uma vez, e que, por razões as mais diversas, deixou de caminhar. Sei que às vezes, vem o desejo de voltar, mas, as lembranças do sistema religioso que cobrava, inquiria, questionava, constrangia, faz você desistir de voltar. Encorajo você a voltar. Você não precisa explicar nada. Seu lugar está guardado. O dia e a hora que você voltar será sempre festa. Sempre alegria. Rogo aos caminhantes que por razões também as mais diversas tem se mantido perseverantes, presentes, por favor, sejam acolhedores sempre. Nada de dizer frases do tipo; “e ai sumido..??” “até que emfim hein ??” “..onde andou??...” Queridos, lembrem-se, o Pai não fez perguntas. Só gesticulou em amor, perdão, graça e generosidade. Lembrem-se o Pai fez festa. Somos livres para ir e vir, ficar ou não ficar, e se for pra ficar, que o motivo seja a Graça, o amor, o querer estar junto, o desfrutar da comunhão dos irmãos, o repartir o pão e a vida uns com os outros, o viver o evangelho da Graça. Que todos fiquem por causa do amor e não por medo, constrangimento, cobranças, ou qualquer tipo de barganha. Que as Estações do Caminho da Graça sejam os braços abertos do Pai. Sejam os abraços do Pai. Sejam os beijos do Pai. Sejam os convites para a festa do Pai. Que seja assim com qualquer pessoa. Que seja assim com os que chegam e voltam alegres ou tristes. Inteiros ou quebrados. Crédulos ou incrédulos. Leves ou com fardos pesados. Com certezas ou incertezas. Com perguntas ou com respostas. Cheios de razão ou sem razão alguma. Não importa, que bom que eles voltaram. Que bom que eles chegaram. Como meu velho pai sempre ora; “...OBRIGADO PAI POR REVER O ROSTO DO MEU IRMÀO...” Hoje entendo essa oração do meu pai. À medida que o tempo passa e no caminho acabamos perdendo gente, por isso, como é bom rever o rosto de um irmão. Como é bom poder abraça-lo. Que bom quando eles voltam. Sempre cri, que a comunidade dos cristãos nunca deveriam deixar ninguém para trás, mas, não poucas vezes deixamos, e às vezes, por uma frase dita em hora errada, por isto quando alguém voltar, receba-o com alegria sempre. Não importa quantas vezes ele for embora. Sempre que ele voltar, será recebido com alegria. Fica um pedido, que, se um dia eu cair no meio da batalha, não me deixem para trás, nem que seja numa maca, mas, por favor, me recolham, me recebam, me carreguem, não me lancem na pilha dos inúteis. Caminhante, saiba disto, todas as vezes que você desejar voltar, VOLTE SEMPRE E SEM CONSTRANGIMENTOS, pois o seu lugar está guardado à mesa do Pai.

Com carinho.

Bjs.

Carlos Bregantim

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