JOÃO BREGANTIM - MEU PAI
CHEGA AOS 80 ANOS - 1929-2009


Estou aqui ( sexta feira - 19 de Junho de 2009 ) tentando trazer à memória a lembrança mais remota do meu pai, este homem que amanhã ( 20 de Junho de 2009 ) completa seus "primeiros" 80 anos.

Ele nasceu em Cajobi, interior de São Paulo em 20 de Junho de 1929. Filho de Ricardo Bregantim e Tereza Boff Bregantim. O mais velho de muitos irmãos, dos quais, apenas a minha querida Tia Assunta faz companhia pra ele aqui nesta terra.

Significa dizer, que meu pai, viu nascer todos os seus irmãos e participou diretamente da criação deles, mas, lamentavelmente, tambem os sepultou. Falo de 7 dos 9 irmãos. ( João, Layde, Antonio Cleonice, Leticia, Sebastião, Luiz, Assunta, Joaquim )

Este simples relato já confirma a tempera deste homem. Tempera forjada na fornalha da vida. Homem que conheceu a responsabilidade do sustento de uma família desde os primeiros dias de sua existência.

Estudou até o terceiro ano do grupo escolar. Trabalhou na roça e escolheu a construção civil como segmento para desenvolver suas habilidades profissionais, isto porque, claro, este segmento não lhe exigia formação académica mais apurada. Foi de servente de pedreiro a mestre de obras. Encontrou minha mãe ( Lourdes Martinelli Bregantim ) ainda uma menina e com ela se casou em 26 de Dezembro de 1953 em Mirassol.

Morou de aluguei em Rio Preto, onde eu ( 17 de Outubo de 1955 ) e meu irmão, João Gilberto Bregantim ( 26 de Julho de 1957 ) nascemos, até construir a sua casa e sair do aluguel. Nesta casa nasceu meu outro irmão o Daniel Bregantim, em 17 de Agosto de 1961, alias, esta é uma das memórias que tenho.

Meu pai, sabendo que tinha chegado a hora do Daniel nascer, foi buscar a minha avó Tereza, que foi a parteira dos três primeiros filhos. Lembro que ele nos levou, eu e o Joazinho para casa da Vó.

Quando voltamos para casa, foi nos apresentado o novo habitante da casa, o Daniel.

Ainda nesta casa em Rio Preto, meu pai se converte ao Evangelho de Jesus Cristo, pelas mãos de um amigo de profissão ( Antonio Limont ).

Lembro-me deste tempo, era 1960. Meu pai foi daqueles cuja conversão foi radical. Imediatamente mudou todos os seus hábitos, abandonou todos os vícios e alterou jeito de viver, segundo seu entendimento do Evangelho.

Penso que minha mãe e minha avó Tereza, se converteram por conta da radicalidade dele no entendimento do Evangelho.

Os três foram batizados na Primeira Igreja batista de Rio Preto. Voltamos para casa na carroceria de um caminhão de propriedade de um irmão. Choveu enquanto íamos para casa e alguém disse que todos foram batizados duas vezes naquela noite.

Em Novembro de 1961, meu pai decidiu mudar-se para a capital de São Paulo. Naqueles primeiros meses na capital, vivemos a experiência de uma enchente e nossa casa foi invadida pelas águas.

Em São Paulo, João Bregantim, deu continuidade a sua caminhada profissional na construção civil.

Procurou logo uma Igreja Batista para congregar e assim, criar-nos sob o ensino das escrituras nas classes da Escola Dominical.

Vendeu a casa que havia construído em Rio Preto e deu entrada numa casa em Pirituba, onde eu e meus irmãos, mais o Cidão, nosso primo/irmão crescemos, e de onde saímos para constituir nossas próprias famílias.

Em 1966, nasceu o Paulo Bregantim, e eu, Joazinho, Daniel e o Cidão testemunhamos a hora que meu pai trazia minha mãe com o caçulinha, pois, este nascera numa maternidade.

Assim estava completo o núcleo da família do João Bregantim. Família que ele, junto com minha mãe, trabalhando muito, bancaram até que todos se casassem.

Na construção civil tornou-se um profissional disputado entre as melhores e maiores construtoras das décadas de 70 e 80.

Mesmo aposentado continuou trabalhando e dando sua contribuição nas vidas de todos nós, filhos, noras ( Laudiceia, Sineli, Eliete e Rosi ) netos ( Gilberto, Eduardo, Sarah, Carolina, Filipe, Paulo Jr, Flavio e Giuliana) e bisnetos ( Maria Eduarda e Diogo )

Joào Bregantim, sempre participante ativo nas comunidades as quais serviu com zelo e fidelidade.

Incansável leitor das escrituras sagradas. Dado à oração. Hospitaleiro, virtude que fez de nossa casa, ou, casa dele, uma casa sempre frequentada por muitos.

Familiares, amigos, irmãos de fé, sempre encontraram acolhimento na casa do meu pai.

Na mesa da casa do meu pai, sempre é possível incluir mais alguém.

Patriarca, austero, exigente, convicto em suas crenças, correto, meu pai, tem aprendido a conviver com as gerações, pois, na mesa do domingo, ele reparte a vida com o Diogo, bisneto que ainda não fez um aninho até o filho mais velho que esta com quase 54 asnos.

Sinto meu pai, hoje, mais leve, tentando equacionar as limitações da idade, as enfermidades, a preocupação com a família, a leitura deste mundo, rápido demais e tantas outras complexidades que fazem parte, penso eu, da vida de quem vive 80 anos.

De uns anos para cá, começamos a nos abraçar, nos beijar, rir e chorar juntos. Proximidade e intimidade, hoje, é comum entre nós.

Hoje, mais concordamos um com o outro do que descoroamos. Sei que isto tem a ver com a percepção dele, que não é hora mais de combater, mas, acolher.

Sou testemunha que, segundo o seu tempo, seu entendimento e modo de ler a vida, meu pai sempre combateu bons combates.

Sabiamente soube parar, voltar atrás, esperar, visando o bem de todos nós. Sim, tenho absoluta certeza que, mesmo quando errou, exagerou, intransigiu, ranhetou, o fez na expectativa de contribuir com nossas vidas, digo, dos filhos, noras, netos e agregados. ( Vanessa, Jr Fleury, Ana Paula, Mayte, ...)

Nunca vi no meu pai algo que pudesse ter sequer uma conotação de algo mal intencionado.

Sempre foi um homem do bem, e fez o bem a muitos, e eu sou um deles. É certo que dele herdei a característica de cuidador. Cresci vendo meu pai socorrendo gente.

Interessante, nunca ouvi do meu pai que ele estava com medo de alguma coisa. Sua firmeza nas decisões e convicções fizeram de nós, seus filhos, homens dispostos a ir às ultimas consequências nas empreitadas.

Sempre nos desejou por perto, mas, no tempo certo, nos empurrou para fora do ninho. Nunca nos super protegeu, mas, nós sabíamos que, por ele nunca ter demonstrado medo de nada, podíamos correr pra casa e colo dele, pois, ele sempre nos acolheu.

Nunca minimizou nossos erros. Nunca deixou passar o que ele entendia que devíamos ouvir.

Sempre nos corrigiu e até hoje nos corrige, pois, entende que enquanto estiver vivo, é responsabilidade dele nos confrontar e ao mesmo tempo nos encorajar pra vida de maneira digna, honesta e sobretudo nos caminhos da fé cristã, da qual nunca mais abriu mão.

Todos devemos a ele, meu pai, o João Bregantim, os primeiros passos na fé. Sim, foi no Deus dele que cremos durante muito tempo.

Hoje, eu, meus irmãos e nossas famílias crêem em Deus, mas, falo por mim e certamente em nome de todos da nossa família, que ainda contamos muito com as orações que meu pai eleva ao Deus dele.

Nossa, quanta vida vem à minha mente. Quantos sentimentos. Quantas sensações. Quanta gratidão.

Quem sabe, este texto é o embrião de um escrito mais denso e com mais detalhes.

Hoje, portanto, minha oração é simples.

Deus Eterno, obrigado por estes 80 anos do meu pai. Preserva-o entre nós segundo a agenda do Senhor pra vida dele. Guarda-o aqui, lúcido, agradecido, alegre e em paz.

É isso, quer dizer, um lampejo de uma existência cheia de significado.

Como ja disse tantas vezes, o que vale é o significado, mas, no caso do meu pai, e sou grato a ele e a Deus por isto, é bom que ele tenha chegado aos 80 anos cheio de significados.

Há muitos memoriais que podem ser erguidos a medida que vou lembrando da vida deste homem bom, e, acredite meu velho, você fez valer a sua e a nossa existência.

Tomara, por alguns anos ainda, o tenhamos entre nós, e saiba, quando nos reunirmos no próximo domingo na sua casa, ao redor da sua mesa, todos queremos ve-lo e ouvi-lo escalar quem vai orar agradecendo pela refeição.

Estes seus gestos de vida na vida em nossas vidas, jamais serão esquecidos.

Obrigado meu pai.

Bjs.

Carlos Bregantim
( em nome da minha mãe, meus irmãos, minhas cunhadas, meus sobrinhos e sobrinhos netos e de todos que compartilham esta nossa alegria e gratidão )

Observação aos do Caminho da Graça.

Tenho a alegria de ter meu pai e minha mãe caminhando comigo e com outros tantos aqui no Caminho da Graça Estação São Paulo, onde no DOMINGO ÀS 18H30, vamos fazer um brinde dos 80 anos do meu velho. Todos são benvindos.

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