O PR.MOTTA ENTROU NO ENTENDIMENTO ETERNO

Ontem, ( 01/03/2009 ) por volta das 16H00, numa cerimonia simples, com a presença de familiares e alguns poucos amigos, foi sepultado JOSÉ MOTTA DOS REIS PESSOA, o Pr. Motta para mim e muitos da minha família e "Zito" para os familiares e amigos mais íntimos.
Atrevo-me a escrever algumas linhas, apenas para registrar o fato que, o Pr. Motta, fez parte da minha história, especialmente entre os meus 10 a 27 anos. Era eu então, apenas um menino quando ele, o Pr. Motta chegou para assumir o pastorado na Igreja Batista de Vila Zatt, onde permaneceu por 40 anos. Fui batizado pelo Pr. Motta em 1967, aos 12 anos de idade e a partir deste tempo ele foi o homem que ouvi no púlpito aos domingos, terças e quintas feiras. Por conta disto, é óbvio, ele foi quem me discipulou nos primeiros passos nesta caminhada como seguidor de Jesus. A adolescência e a juventude foram radicalmente marcadas por algumas de suas características mais evidentes, o ardor evangelistico e o modo centralizador de conduzir a comunidade que pastoreava. No seu entendimento, era assim que zelava pelo rebanho que Deus confiará às suas mãos.
Certamente por influencia dele, pois, liderava com firmeza, dei meus primeiros passos na liderança de grupos dentro da comunidade, e foi no exercício de uma destas lideranças que, preguei, aos 18 anos, o meu primeiro sermão, claro, com permissão do Pr. Motta, pois, ninguém ocupava seu púlpito, sem que ele concedesse este privilegio. Neste período, segundo o entendimento daqueles dias, comuniquei ao Pr. Motta minha decisão vocacional, claro, recebendo dele, e do jeito dele, as instruções do que fazer ou não fazer a partir desta decisão. Enquanto estudava e iniciava uma carreira profissional, aos 22 anos, o Pr. Motta celebrou o meu casamento com a Laudiceia em 27 de Maio de 1978. Em 1979, aos 23 anos, o Pr. Motta me nomeou o Vice Presidente da Igreja, cargo que era de confiança dele, e ele exercia a prerrogativa de indicar e a Igreja apenas homologava em assembleia. Esta função me obrigava a substitui-lo em suas ausências durante o ano e isto, certamente, contribuiu e muito para meu desenvolvimento como líder comunitário. Em 1980, o Pr. Motta, assinou a minha recomendação para a Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Em 1982, aos 27 anos, comuniquei o Pr. Motta que estava indo assumir a liderança da Igreja Batista em Jardim Rincão, para onde eu a Laudiceia nos transferimos. Em 1983, a pedido da Igreja Batista do Jardim Rincão, o Pr. Motta, convocou um Concilio Examinatório com vistas a minha ordenação pastoral. Ele presidiu este concilio e sendo eu aprovado recomendaram a minha ordenação e posse como pastor desta Igreja. O Pr. Motta conduziu todo este processo e no dia 03 de Dezembro de 1983, recebi a imposição de mãos do Concilio de Ordenação, então presidido por ele, que na mesma cerimonia me deu posse como pastor da igreja. Lembro-me de ele ter dito que a partir daquele dia eu não era mais, o Carlos, o Carlinhos ou o Carlão, mas, o Pr. C arlos Bregantim. ( hoje, voltei a ser apenas o Carlos Bregantim, o Brega para muitos, nada mais ) Passaram-se pouco mais de 25 anos deste dia e, o que desejo na verdade aqui, é prestar meu tributo a alguém que, a seu tempo, do seu jeito, com suas características, influenciou a minha vida e dela participou direta ou indiretamente. Tenho para mim que o Pr. Motta, alem destas participações diretas em minha caminhada como seguidor de Jesus, por ser como era, provocou em mim o que, particularmente, sou agradecido, isto é, provocou-me a reagir. O seu jeito de liderar foi para mim uma provocação a descobrir outros jeitos de liderar, de ensinar, de pastorear, de ler as escrituras. Sou grato a Deus, pois, por conta do modo como o Pr. Motta liderava, ele me desafiou a criar e ir atrás de conquistar outras frentes e ter outros discernimentos sobre o evangelho.
É certo que sua intrepidez, impaciência e senso de servir mais e mais longe, me influenciou a ser um inconformado, e isto agradeço a Deus pela convivência com o Pr. Motta, pois, ainda sou e espero continuar sendo, um incorformado. Ontem, quando seu corpo descia a sepultura, viajei no tempo e passei em revista, nomes, feições, momentos, enfim, revi a história, a minha história. História que, como qualquer historia, recheada de ingredientes os mais variados. Ingredientes com sabores e aromas os mais diversificados. Sobretudo, uma historia construída a partir do que, a seu tempo, do jeito dele, la na minha adolescência e juventude, ouvi do Pr. Motta. É bom que se diga, pois, assim foi, isto é, vivi dias os mais felizes da minha vida neste periodo. Guardo tudo com saudades e reverencia. Por causa disto e por tantos fatos e lembranças, hoje, um dia depois, escrevo estas linhas, com gratidão e tributo por uma vida que me ajudou a encontrar o significado da existência, claro, entre tantos outros homens e mulheres daquela boa época de minha vida. O Pr. Motta está agora no Entendimento Eterno, e como sou dos que crê, que a eternidade não é monótona, digo, ele está em um bom lugar. Meus respeitos à esposa, Dona Abadia, às filhas Vera e Valeria, aos netos Eduardo , Patricia e Gustavo e aos familiares todos, bem como seus amigos. Saudades, reverencia e silencio.
Carlos Bregantim
Laudiceia Santos Bregantim

1 comentários:

patrícia de clarice disse...

querido carlos, fiquei muito contente em te ver entre os poucos amigos do meu avô no domingo.

Tambem fiquei pensando no tanto que meu avô, com seu jeito peculiar que só mesmo quem o conhece sabe, me influenciou a não me conformar, a servir sempre, a pregar o evangelho "a tempo e fora de tempo" como ele gostava de dizer.

Agradeço o texto e fico ainda mais contente por saber que sua amizade, carinho e respeito, ao contrário deste texto, não foram póstumos.

com amor,
patrícia pessoa croitor evangelista